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você é artista


você também é um artista
obra Gênesis (Ana Lima)

ser artista é uma ação, é movimento.


é, antes de qualquer coisa, uma postura de sinceridade, entrega e tolerância.


quando comecei minha jornada artística, ouvi demais “ser artista não é fácil”. Nunca dei muita bola.. até algumas fichas começarem a cair e eu começar a dar bola.

em geral, as pessoas se referiam aos desafios financeiros. E sim, é desafiador, mas está longe de ser impossível. Como qualquer coisa fora da caixa, não é difícil, é apenas diferente. O difícil é que não existe um caminho padrão, comum. E ao mesmo tempo que isso pode ser difícil, é libertador.

afinal, se não existe um caminho padrão, podemos inventar o nosso. É igual aquela frase “não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

mas existe algo que descobri que realmente “não é fácil”.

esse algo é aquela tríade que mencionei: sinceridade, entrega e tolerância.


não existe nada na vida que dure sem sinceridade. Sinceridade é quem somos, é a nossa essência, nosso âmago. Tudo que é superficial morre. Vemos pelas zilhões de tendências por aí, que morrem tão rápido quanto despontam.

toda sinceridade dura, vence o tempo. A sinceridade é vitoriosa em tudo. Derrete qualquer gelo, corrige qualquer percurso, acaba com qualquer desavença. Amolece.

na arte, a sinceridade produz identidade, diferenciação, grandiosidade. O artista tem que ser sincero consigo mesmo, se conhecer, se desbravar, descobrir os seus segredos. Saber quem se é. Saber o que quer, o que está fazendo aqui, o que move. Tem que mergulhar em si.

não existe arte sem motivo. E nosso único motivo somos nós mesmos.

sinceridade é chave.

sinceridade revela.

sinceridade é inédita, única.

toda arte deve ser sincera. As artes que não são, morrem.

e atingir sinceridade demanda o próximo entrega.

durante anos da minha vida eu desenvolvi uma profissão “dentro da caixa”. E foi tudo bem, tive um sucesso cabível dentro daquela caixa. Hoje, depois de longos anos como artista, enxergo que ser artista “é difícil”. O artista, que está “fora da caixa”, tem que se entregar.


um dos maiores desafios é se encarar, é se colocar face a face consigo mesmo, se confrontar, se questionar, se conhecer. Seguramente, é mais cômodo seguir um caminho que não demande sinceridade.

quando você está seguindo um caminho em que existe uma receita, você pode abdicar da sua entrega de vez em quando, fazer o “feijão com arroz”. O tempo se estica, as coisas se suportam “sozinhas”, a latência é maior. Quando você está mergulhado naquilo, o sucesso é garantido. E quando você não está muito afim, existe um tempo de manobra. Você pode ser dar ao luxo.

como artista, é um pouco diferente. A latência parece ser menor. O tempo parece ser mais estreito, as respostas são mais imediatas. Quando não há entrega, não há obra (ou algumas que vão fora). Quando não há entrega, não há resultado. Nenhum. Não existe ninguém para segurar as pontas para você. Não existe equipe, empresa, um quadro de funcionários. Existe você e você. Você pode ter ajuda para executar funções administrativas, marketing, financeiro, etc. Mas as obras são fruto do íntimo do artista. É o sentimento dele, o âmago dele, a sinceridade dele.

o artista tem que ter muita maturidade para reconhecer seu nível de entrega, para saber lidar com os momentos em que a energia se desvirtua para outros focos.


e, por fim, a tolerância é uma cola que liga tudo isso.


primeiramente, tolerância consigo mesmo.

ser artista é uma montanha russa. A gente passa por momentos de baixa, por momentos de negação, de fuga. Tem dias que não temos vontade de produzir nada. Outros aspectos da vida clamam por nossa atenção, demandam nossa energia, nosso foco. E não sobra nada para a prática artística. E não dá para se cobrar. É necessário tolerância.

o tempo de tudo é muito relativo. Sim, devemos procedimentar diversas coisas, e o fazemos. Ganhamos tempo e espaço para fazer o que importa. Mas não existe um cronograma, não existe assertividade. Existe um fluxo, que deve ser reconhecido e respeitado. Tem telas que pinto em 1 dia. Tem telas que pinto em 1 semana. Tem telas que pinto em 1 mês.

por que?

então.. porque sim.

porque meu fluxo varia.

nos estados de flow, está tudo ali, concentrado, concatenado. As ideias fluem, os gestão são precisos. as cores são perfeitas. Pincel certo, diluição certa, cor certa, movimento certo.

e tem dias que não estamos assim. Não estamos 100% ali. Não estamos 100% sinceros com aquilo. E não existe arte sem sinceridade.

a arte é extremamente humana. Arte de verdade.


e, por sim, tolerância com os outros.

é engraçado. Desde que a ciência é capaz de registrar nossa presença aqui, a arte está presente. Inscrições, desenhos, cavernas, comunicação, linguagem, símbolos, espiritualidade, dança, sons, músicas, ritos, cultos, fantasias, etc etc. A arte faz parte da vida.

não existe vida sem arte. Rádio, tv, embalagens, carros, celulares, revistas, mídias sociais, livros, QUALQUER COISA. Olha pro lado agora e tenta achar algo sem arte… Qualquer coisa é produto de algum pensamento colocado em forma através de arte. Se escolheres uma fruta, podes pensar que é uma arte divina.

e, de tão exposta que a arte é, muitas vezes ela é invisível. Aquela frase é muito precisa: “Quer esconder algo, deixe à mostra”.

sim, tem muita gente que julga a arte como algo sem valor, secundário. Depois de anos vivendo a vida artística, ainda me deparo volta e meia com alguém que “só quer dar um tapinha” em algo. “Uma meia horinha do teu tempo, tu vai lá faz dois rabiscos e já dizemos que é arte”. Me lembro da época da arquitetura em que alguém quer contratar um arquiteto “mas só quero que você faça um desenho”.

no fim, é engraçado.

as coisas expostas são invisíveis. É muito louco.

não existe vida sem arte, isso é fato. Mesmo assim, muitas pessoas se posicionam assim.

então, tolerância é demandada.

ninguém faz nada por mal, tenho certeza absoluta disso. São apenas opiniões, conhecimentos, maturidades diferentes. E, num mundo de diferentes opiniões, o que cola tudo é a tolerância.

como um ser humano, tolerância é chave.

saber ouvir, escutar, respeitar, deixar o outro ser quem ele é. Estar em paz com seu caminho, estar em paz com o caminho do outro.

afinal, ninguém deve absolutamente nada pra ninguém.


ser artista é estar com tudo isso em movimento, o tempo todo. Sob supervisão e comando. Demanda um gerenciamento emocional surreal.

Fora todo o resto “normal”.. criar, produzir, vender, comunicar, escrever projetos, estudar, pesquisar, etc


somos verbos ambulantes.


tem que respeitar!

 
 
 

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